Wednesday, November 29, 2006

O Último dia da minha vida


“I've loved, I've laughed and criedI've had my fails, my share of losingAnd now as tears subsideI find it all so amusingTo think I did all thatAnd may I say, not in a shy wayOh, no, no not meI did it my way”

My Way – Elvis Presley

O fim da vida é um fato que assusta muita gente, um acontecimento que finda toda a história de um individuo.
Tudo aquilo que ele passou, todas as emoções, todos os sonhos e perspectivas culminam em um último fechar de olhos e bater de coração.
Não sou diferente da maioria.
Tenho medo do desconhecido, do túnel branco que me levará a paz final.
Mas antes de chegar a este túnel, viverei mais um dia. Vinte e quatro horas saboreando a doce vida.
Imagino que acordaria, tomaria um bom café da manhã e pegaria o jornal para ler as noticias diárias, afinal alguém tem que levar as novidades para o além.
Esqueçi de dizer, que antes do café da manhã acordaria a minha esposa e faria um amor gostoso.Ninguém é de ferro, e seria a última vez que sentiria um peito na minha boca.
A não ser que o inferno seja realmente um grande puteiro com tequila e maconha ou céu o verdadeiro lar do amor com 77 virgens para cada morador.
Depois iria me exercitar um pouco.Não! nada de pesos ou esteira. Montaria dois times com cinco pessoas de cada lado e jogaria futebol, sentiria mais uma vez a alegria de fazer um gol e comemorar como se fosse final de copa do mundo.
Imediatamente após a partida, tomaria uma coca-cola gelada.
Suado mesmo, que é mais gostoso.
Tomaria um bom banho quente e iria brincar com o meu cachorro no jardim, e obviamente me sujaria de novo. Brincar com o seu melhor amigo sempre suja.
No almoço, uma bela feijoada com muita couve-mineira e batata frita.
Sobremesa?
Quindim ora, o que mais seria no meu último dia!
Quando o sono viesse após este farto banquete, eu iria deitar na minha rede- que fica na varanda da minha casa de frente para o jardim- e descansaria bem relaxado.
Acordaria com aquela preguiça gostosa sabe? Me espreguiçaria demoradamente e sentaria de frente para uma T.V, para ver o que tem de bom passando.
Nada é claro. Depois de cinco minutos desta constatação, me levanto e vou rever as fotos da minha vida, das inúmeras aventuras do dia-dia.
Lembraria-me das paixões, das brigas sem razão e dos amores do coração.
Leria uma por uma as cartas de amor recebidas, veria as fotos dos meus filhos e netos uma por uma com muita atenção, vendo cada detalhe físico, para me lembrar qual pedacinho deles pertence a mim; um nariz grande, um pescoço longo o que for, eu saberei que ali eu tenho uma pequena participação.
Veria com imenso carinho as fotos da minha mãe e do meu pai. Olharia mais uma vez que parte deles eu tenho em mim.
E quando as lagrimas, inevitavelmente viessem eu as deixaria passar, que cobrissem o meu sábio rosto, renovando-me para o momento mágico que se aproxima.
Após um largo sorriso, iria a minha estante de cd’s, ou seja lá qual for a tecnologia que eu tiver a minha disposição, colocaria ” My Way” com o Elvis Presley.
Sentaria na ponta da cama e ficaria imóvel, olhando pela janela e relembrando toda a minha vida, cada segundo da música equivaleria a muitos dias de vida já passados.
Depois do show do “Rei”, finalmente colocaria “It’st a wonderful world” com o Louis Armstrong, e fecharia meus olhos.
Pensaria, nos meus últimos suspiros, que morri de pé. Acreditando na verdade, na sinceridade e no amor. Que toda briga que tem uma justa causa deve ser bem brigada. E pensaria também que o os Cobras sempre forma muito mais legais que os G.I Joe e que o Seu Madruga era um headbanger sujo fugindo da policia.
Pensaria também que.... Ei pêra ai!
Olha minha mãe ali, e aquele ali não é o Elvis....
Merda não tem túnel de luz.

1 Comments:

Blogger Polas said...

Lindo velhinho! Surpreendentemente comum...e infinitamente diferente.

11/30/2006  

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