Thursday, December 14, 2006

Mariposa

She's been trying to tell me to hold tight
But I've been waiting this whole night
But I've been down across a road or two
But now I've found the velvet sun
That shines on me and you

In the back, uh huh, I can't crack
We're on top
It's just a shimmy and a shake, uh huh
I can't fake, we're on top
We're on top

The day is breaking, we're still here
Your body's shaking, and it's clear
You really need it, so let go
And let me beat it, but you know

That I've been down across a road or two
But now I've found the velvet sun T
hat shines on me and you”

On top – The Killers

O despertador Cássio toca.
Sono. Muito sono.
05h50min da manhã de uma segunda-feira qualquer.
Alessandra não quer acreditar que já é hora de levantar, parece que ela só fechou os olhos para dormir à 10 minutos atrás.Mas não.
Foram 10 horas de sono pesado, daqueles que você nem se lembra como dormiu ou o que sonhou.
Abriu apenas uma fresta dos olhos e ficou olhando para o despertador, fixou seus olhos nos números eletrônicos em vermelho.
O despertador marcava 05h55min.
Em um estado de transe ela começou a se lembrar do que tinha provocado este enorme cansaço. Lembrou-se, e deu um sorriso.

Foi o churrasco na chácara do Beto.
Churrasco é modo de dizer, porque nunca tem carne, é só bebida, da mais barata.
Cerveja, Chiboquinha, Capeta, Pitu, Cachaça e é claro, a bebida do jovem moderno: Vodka.
De preferência Balalaika ou Natasha que é pra fazer bastante mal, afinal se fosse para fazer bem tomavam 2 litros de Biotônico (Fontoura) ou uma cartela de A.S.
Começou a se lembrar de como começara o final de semana.
Após a escola, foi na casa da Bia, sua melhor amiga desde o berçário, e depois foram em comboio para a chácara do Beto que fica em Atibaia.
Uma casa grande, com uma ampla área de lazer e uma churrasqueira grande o suficiente para se assar um boi.
Perfeito ela lembra.
Lembra de como estavam todos alegres, aquele churrasco servia para lavar a alma, relaxar com os amigos e curtir um pouco da calmaria que era Atibaia. Lembrou também que esquecera seu protetor solar e que foi pedir o da Bia emprestado. Sempre a Bia, sua amiga inseparável de todas as horas, a pessoa que mais confiava no mundo e que sempre deu provas de que estaria ao lado de Alessandra para tudo.
Depois de pegar o protetor, saiu do quarto e desceu as escadas e foi à beira da piscina pedir para o Carlos passar o protetor nas suas costas.
Os dois eram namorados.
Alessandra gostava muito de Carlos, ele era legal, inteligente e muito engraçado, além de ter um corpão esculpido com muitas horas de futebol.
Fazia cerca de 6 meses que namoravam e nunca fuderam, mas Alessandra sentia que talvez fosse acontecer neste final de semana, estava tudo tão propício para acontecer, e se acontecesse ela iria achar perfeito.
Quando Alessandra fica perto de Carlos, ela sente um calor que a queima por dentro, como se fosse um sopro de dragão vindo de dentro para fora, uma coisa incontrolável que deixa a sua calcinha inteira molhada. Mesmo sendo virgem, ela sabe o que é o tesão e ele esta crescendo cada dia mais.
Carlos passou o protetor nas costas de Alessandra, mas concentrou seus olhares na bela bunda dela, não conseguia parar de olhar, era inevitável. Começou a ficar excitado. Disfarçou, e deu uma ajeitada no seu pipi para que não ficasse evidente o que estava sentindo. Ele, como todo adolescente viril, tocava sempre uma boa punheta todo dia. Se estivesse com fôlego este número poderia aumentar para até 5 no mesmo dia!Hoje seria o caso. Não dava pra agüentar.
Disse que precisava ir ao banheiro e foi tocar uma. Voltou calminho, calminho e com aquele soninho que toda boa punheta dá, dormiu uma meia hora na beira da piscina.
Sono do guerreiro.
De tarde, lembra se Alessandra, todos tiraram uma boa soneca para se preparar para a bagunça que seria madrugada à dentro.
Quando eram mais ou menos 7h00 da noite, os meninos começaram o churrasco, muitas risadas, Vodka, abraços, Pitu, piadas, Cachaça, beijos.... e assim foi noite adentro.
Carlos bebeu muito, e nem deu muita atenção para Alessandra deixando a na companhia da Bia e das outras meninas que estavam na casa.
Pensou: “- Ainda bem que ela esta com as meninas, posso encher a cara que ela tá segura!”. Vomitou no jardim e dormiu na varanda bêbado.
Carlos estava errado.
Alessandra e as outras meninas beberam muito, todas elas. Começaram a falar bobagem, das suas experiências com meninos, de quem achavam mais bonito, do que topariam fazer em 4 paredes. Estas coisas que meninas contam o que gostariam de fazer e mais tarde, quando mulheres, contam o que fazem em uma mesa de bar fumando Carlton e tomando gin tônica.
Para variar, todas a meninas foram dormir, menos Alessandra e Bia. Ficaram bebendo e conversando, relembrando o passado, dos professores que tinham tido nos anos anteriores, das viagens anteriores....
Em certo momento, Alessandra notou que os olhos de Bia estavam mais brilhantes e que os pêlos do corpo dela estavam todos arrepiados.
Achou estranho, mas sentiu uma sensação diferente. Sentia seu corpo quente, como quando esta perto de Carlos.
Bia calou-se e foi se aproximando devagar, olhando Alessandra nos olhos. Ficaram muito próximas, seus lábios quase se encostavam.
“- Não!”. Pensou Alessandra. Saiu correndo, passou por diversos corpos embriagados, subiu as escadas, entrou no quarto e foi direto para o banheiro. Ligou o chuveiro e tomou banho de roupa .
No chuveiro, internamente desesperada, Alessandra pensava se tudo não foi uma alucinação causada pela mistura de cerveja com Pitú. Mesmo assustada, ela não podia deixar de pensar na sensação indescritível que teve ao ter Bia tão perto de si, foi uma sensação muito melhor do que quando Carlos se aproxima dela e a toca.
De costas para a porta de entrada do banheiro, Alessandra tirou a sua roupa encharcada e ficou nua, deixando seu belo e jovem corpo a mostra.
Olhou rapidamente para trás, era Bia que a observava, deliciando se com o corpo da amiga.Bia não fez nada, não se mexeu, não falou nada. Apenas ficou olhando aquela cena maravilhosa.
A água caindo no corpo de Alessandra e ela olhando assustada na direção de Bia.
De repente uma coisa surpreendeu Bia, Alessandra virou se e começou a se lavar como se Bia não estivesse ali, como se nada tivesse acontecido.
Isso deixou Bia queimando de desejo.
Após o termino do banho, Alessandra se enxugou e deitou na cama e dormiu pesadamente. Tudo sobre a vigilância atenta de Bia.
No dia seguinte, Alessandra acordou e viu que Carlos estava dormindo ao seu lado. Imediatamente pensou que tudo não passou de um sonho, um sonho muito real mais um sonho.
A idéia de ter um contato intimo com outra mulher ficou torturando Alessandra a manhã inteira, ainda mais quando viu Bia e não notou nada de diferente. Nada. Nem um olhar malicioso, um olhar de vergonha. Nada. Foi um sonho, só pode ter sido.
O ritual de embriagues se repetiu na casa, e novamente apenas Alessandra e Bia estavam acordadas.
Desta vez Alessandra não tinha bebido nada, estava sóbria, queria ter certeza do que aconteceria nesta noite.
Sentadas na sala de T.V, elas conversavam, Bia agia normalmente mas Alessandra estava diferente. Sentiu o calor consumindo a.
De repente sua cabeça parou de funcionar e ela se aproximou de Bia e a beijou calorosamente, enquanto a beijava, suas mãos escorregaram pelo corpo de Bia apertando-a, sentindo cada fibra da pele dela. Era como se as mãos de Alessandra fossem vermes sedentos por carne.
Foi o melhor beijo da vida de Alessandra. Sóbria e consciente ela sabia exatamente o que estava fazendo.
Após o beijo, uma situação de constrangimento tomou a sala de T.V e as duas saíram e foram cada uma para um cômodo.
Os corações e as calcinhas estavam quentes.
Menos de sessenta segundos após a separação, Bia foi ao encontro de Alessandra e Alessandra ao encalço de Bia, se encontraram no meio do caminho e foram para o quarto vazio, deitaram na cama e se beijaram e se tocaram, o calor que emanava dos dois corpos deveria ter a mesma temperatura do Sol.
Fuderam de roupa, apenas sentindo a pele uma da outra.
No ápice deste quadro vivo de paixão, Alessandra e Bia gozaram juntas. Um prazer sem limites, segundos de deleite que toda mulher deveria sentir pelo menos uma vez na vida.
Exaustas, dormiram de conchinha.
Acordaram.
Levantaram assustadas, rapidamente saíram da cama e deram um volta pela casa. Todos dormindo de ressaca.
Ninguém acordado. Perfeito.
Agiram normalmente uma com a outra, com se nada tivesse acontecido.
Quando todos da casa acordaram, fizeram as malas e voltaram para São Paulo e cada uma foi para a sua casa.

Em casa, Alessandra se torturou mentalmente sobre o que tinha feito. Pensava que se seus pais descobrissem seria o fim. Sua família nunca iria aceitar uma coisa destas.
Seria uma vergonha sem tamanho.
E se alguém do colégio soubesse?Meu deus nunca mais sairia de casa!
Apesar da modernidade em que vivemos, o preconceito é muito grande contra homossexuais.
Chorou e angustiou-se dentro de si mesma.
Ante esta angustia, ela começou a se lembrar do que sentira com Bia, da melhor sensação da sua vida, de como sentiu a sua calcinha molhada e seu coração acelerado.
Fechou os olhos e reviu na sua mente, milhares de vezes, o que aconteceu naquele quarto. E a cada lembrança, ficava mais e mais excitada.
Dormiu pensando quando seria o próximo churrasco.

05h58min.