Thursday, November 30, 2006

Drenagem Linfática

"Just put me in a wheelchair, get me to the show Hurry hurry hurry, before I go locoI can't control my fingers, I can't control my toes"

I wanna be sedated, Ramones

Olhos marejados.
Sentia seus olhos cheios de lágrima, mas não queria chorar. Ele não merecia.
Stacy acabara de flagrar seu marido, Emerson, na cama com outra.
Na sua cama.
Aquela terça-feira começara com de costume; levantou-se foi ao banheiro, fez xixi, tomou banho, trocou de roupa, penteou o cabelo e tomou um ótimo café da manhã -dois ovos mexidos, uma tigela de cereal, um pão com presunto e queijo e duas xícaras de café com leite, como fazia toda manhã desde que se casara, há vinte anos com Emerson.
Emerson levantava mais tarde, ás 8:00 horas, pois abria sua loja de assistência técnica para computadores às 10:00 horas.
Após o café Stacy pegou sua bolsa e foi embora para sua doceria, de onde só sairia ás 10:30 da noite. Mas ela gostava. Herdou a doceria de seus pais e a conduzia muito bem, diga-se de passagem.
Entrou no elevador, apertou o botão do térreo, quando na metade do caminho lembrou que havia esquecido suas barras de chocolate, apertou o 9º botão e foi tranqüila para sua casa.
Abriu a porta do armário da dispensa pegou oito barras de chocolate Nestlé de 200g cada e quando se preparava para sair escutou um barulho, como se sua cama tivesse estalado bem alto.
Preocupada com Emerson, ela foi rapidamente ao quarto e viu uma coisa que certamente ela não vai esquecer jamais: Emerson comendo a filha da vizinha de quatro e na sua cama.
Diante desta cena tão chocante, Stacy ficou imóvel, não conseguiu se mexer, só saiu do transe quando Emerson se virou, a encarou bem e continuou fazendo o movimento do vai-e-vem mágico, arrancando gemidos da jovem, que devia ser no mínimo20 anos mais jovem que Stacy e ter 90 kg a menos.
Stacy saiu desnorteada de casa e não sabia como chegou ao Parque do Ibirapuera naquela manhã cinza, sem sol.
Andou por muito tempo, pensando e fazendo força para não chorar até morrer.
-“Vinte anos de devoção e o cachorro me trai com uma putinha de 20 anos”- pensou Stacy enquanto dava uma mordida generosa na barra de chocolate meio amargo.
-“Agora eu sei por que aquele corno não me come há cinco anos, é claro, tava lascando a vara na cabritinha, cretino!”- pensava.
Na verdade o caso de Emerson com Cláudia só tinha sete meses, Emerson não comia mais Stacy porque há muito tempo ele já não sentia tesão por ela.Ninguém tem tesão por uma porca de 150 kg.
Casaram-se quando ele tinha 24 anos e ela 22, nessa época Stacy era muito gostosa, pernas grossas e duras, belos peitos, e tinha um rabo maravilhoso e ainda era bonita e simpática.
Mas os anos foram passando e aqueles 54kg se transformaram em 150kg de impotência. Era um fato, o pau de Emerson não subia vendo Stacy nua, era como se ele visse sua tataravô tomando banho, não dava, nem a mais escura das noites faria que o pau dele endurece-se.
Aí sabe como é que é a filha da vizinha cresceu e Emerson, ao contrário de Stacy, engordara apenas 8 kg nesses 20 anos. Começaram a conversar e pimba! Rola na safada!
Depois de andar bastante, Stacy viu um banco onde, apenas, tinha um jovem sentado na outra extremidade, lábios tingidos de vermelho (como batom de puta barata) e olheiras profundas. Escutava walkman e parecia não prestar a mínima atenção nela.
Stacy sentou-se na outra extremidade do banco e abriu uma barra de chocolate ao leite.

-“Eita porra! O Buda ta usando calça de lycra agora!”- foi o que pensou Felipe quando viu uma mulher gorda vindo em sua direção comendo uma barra de chocolate.
Felipe tinha 17 anos, trabalhava na Galeria do Rock no centro de São Paulo na loja de um primo seu. Trabalhava 10 horas por dia, mas ganhava bem, também seu primo pouco aparecia na loja, só vinha mesmo para pegar o dinheiro das vendas, de resto, Felipe era dono da loja de roupas com tema de rock.
Trabalhava de manhã e a tarde e estudava de noite. Estudava à noite por um simples motivo: não teria educação física nunca mais, odiava esportes.
Gosta de ir ao parque quando não está sol, pois odeia sol. Gosta de ficar parado por horas na mesma posição, sem se mexer e ficar olhando as árvores, os pássaros e as gostosas.
Uma gostosa, outra, êpa! Olha outra ali, e ali, e ali... adora ver aquelas mulheres com calça de ginástica e top correndo pra lá e pra cá, com cachorro, sem cachorro, uma delícia. Gosta das coroas, não sabe por que, mais gosta mais das coroas mais do que das novinhas, mas comia os dois tipos sem pestanejar. Se pudesse estaria mamando nos peitos da sua mãe até agora!
Desde pequeno sempre quis se parecer com Robert Smith, vocalista do The Cure, sua banda favorita. Seu físico o ajudou bastante nesta tarefa, pois Felipe é um frango de 1,70m e pesa 53kg e é branco como uma casca de ovo. Passa gel nos cabelos longos, usa batom vermelho borrado e só se veste de preto.
Na galeria ninguém nem nota, mas nas ruas as pessoas ficam olhando e comentando-“Olha que cara de doido! Todo pintado e de preto só pode ser gótico, metaleiro ou bruxo. Tão jovem e já neste mundo!”, mas ele está pouco se fudendo pras pessoas.
Não gostava de esportes, mas fazia sexo constantemente. O que o faz suar como um verdadeiro atleta olímpico.
Gastava muito mais da metade do seu salário com putas baratas e drogas. Gostava de tomar ácido lisérgico e ir ao puteiro, fazia isso todo sábado há três anos.
Adorava putas baratas, daquelas de 20 conto mesmo, botava a “camisola” e toma rola safada! Gostava da vida que levava.
Mas quando aquela gorda sentou do seu lado no mesmo banco Felipe pensou-“Ainda bem que é feito de ferro, se não eu já tava no chão. Também essa chupeta de baleia deve pesar uma 200 kg!”.

Os dois ficaram assim, um do lado do outro, sem dizer uma palavra, por mais de 2 horas quando ambos viram um homem correndo na direção do banco.
Era um homem grande, forte, musculoso e vinha sem camisa mostrando seu tórax muito bem desenvolvido com provavelmente anos de exercício para aquela região.
Steve precisava descansar, já estava correndo a mais de 3 horas ininterruptas e por mais que se exercitasse diariamente seu corpo precisava de um pouco de descanso.
Steve era um homem notável, praticava esportes desde os 13 anos, fazia musculação, natação, squash e yoga, Isso lhe rendeu um físico admirável que aliado com sua boa aparência e seu grande sucesso profissional como corretor de seguros o fazem o sonho de toda mulher.
Pena que Steve é gay.
Apaixonou-se pelo seu professor de matemática do cursinho, com o qual viveria até hoje se não o tivesse pegado trepando com um jovem na sua cama. Com o choque da cena Steve saiu correndo e não havia parado até o momento, mas estava cansado e viu um lugar entre uma senhora obesa e um cara que parecia uma estátua, pois não se mexia.
-“Nossa que homem!”- pensou Stacy olhando para um homem de porte atlético que vinha a seu encontro.
-“Certeza que essa gorda não dá há uns 10 anos, também tem que ter uma mandioca grande pra chegar nessa buceta gorda, olha só como ela ta olhando pro bombado que ta vindo pra cá.”- pensou Felipe quando percebeu de canto de olho o olhar da mulher ao seu lado para o homem que vinha na direção dos dois.
Steve sentou entre Stacy e Felipe e assim ficaram em silêncio por 3 horas sem falar uma palavra ou realizar algum movimento.
Nesses tempos modernos as pessoas estão cada vez mais solitárias e frias umas com as outras. Se calam,se ignoram e não se falam.
Mas na 8ª barra de chocolate que Stacy abriu Steve falou:
-A senhora não devia comer tão depressa e nem tanto chocolate, faz mal!
- É, eu sei, mas hoje o dia foi duro, peguei meu marido na cama com outra- respondeu Stacy.
Steve olhou triste, virando, abaixando a cabeça, disse:
-Eu também, peguei meu namorado com outro.
-“Viado do caralho, tinha que ser. Bombado desse jeito tinha que dar marcha ré no kibe mesmo! Bicha e corno!”- pensou Felipe que escutava toda a conversa de pé de ouvido.
-“Put´s!, ele boiola, que desperdício de homem!”- pensou Stacy.
-“Foi horrível sabe, vi o Marcos com outro na cama...”- Steve não conseguiu terminar sua frase pois sua voz embargou demais.
-“Ih gorda, seu sonho de rola já era, esse aí não te come nem a pau!”- pensou Felipe disfarçando olhando para o alto.
-Faz quanto tempo que você é bicha, que mau lhe pergunte?- disse Stacy meio envergonhada.
-Olha, eu não sou bicha, bicha é o Clodovil, Leão Lobo ou o Boy Jorge. Eu sou homossexual minha senhora! Da fruta que a senhora gosta eu chupo até o caroço!- respondeu asperamente Steve, fazendo menção a levantar-se e ir embora.
-Ai, desculpa! Não foi minha intenção te ofender. Meu nome é Stacy, e o seu?
-Steve.
-”Stacy. Steve. Que porra é essa? A gente tá no Brasil, vocês deveriam se chamar João, José, Pedro, Maria, Rosa ou Ana e não Steve e Stacy.
Tai uma gorda e uma bicha cornas, se fossem João e Maria, talvez não fosse assim! E outra coisa, se fosse no “Clube da luta” daria para fazer uma tonelada de sabonete com a banha da gorda”.
Acho que preciso do meu LSD, não vai dar pra esperar até sábado - pensou Felipe levantando para ir embora e deixando as duas novas amigas se conhecendo melhor,
Quem sabe elas não trocam receitas, afinal, elas gostam da mesma fruta mesmo.

A pequena Rainha

"People are strange, when you're a stranger Faces look ugly when you're alone Women seem wicked, when you're unwanted Streets are uneven, when you're down When you're strange- faces come out of the rain (rain, rain) When you're strange- no one remembers your name When you're strange, when you're strange, when you're strange "

Levantou-se.
Foi até sua bolsa. Pegou o maço de Malboro Light. Tirou um. Acendeu. Puxou o ar. Tragou. Soltou a fumaça.
Tragou de novo.
Olhou para o lado e viu seu parceiro dormindo de costas para ela. Mais uma vez.
Mais uma vez, Clara se vira sozinha após uma boa foda.
Nunca esteve acompanhada.
Era sempre assim, ela dava e eles dormiam. Guga. Roberto. Guilherme. Fernando. Gustavo. Renato. Douglas. Leandro. Agora Bruno.
Era sua sina, já estava se acostumando.
Olhou o relógio, estava atrasada. Tinha uma reunião com seus companheiros de Diretório Central.
*****
Clara era a nova presidente do Diretório Central de sua faculdade, o órgão que representa e cuida dos direitos dos alunos.
Uma grande mentira.
D.C, como é conhecido o Diretório Central, é o grande responsável pelas festas da faculdade de Clara serem consideradas as melhores do meio universitário. Cada convite é disputado a tapas e socos. Era isso que o D.C fazia. Festas.
Clara era a segunda mulher a ocupar o cargo e estava muito orgulhosa disto.Tinha muitas idéias e planos para a sua gestão no D.C, afinal um ano passa rápido.

Levantou-se da cama, colocou sua calcinha azul-claro da Hello Kit, soutiem, calça jeans branca, papete marrom clara, blusa da “XIV Festa do Júlio” e jaqueta jeans azul. Pegou sua bolsa branca e saiu apressada.
-“Como é mesmo o nome dele?”- pensou. Foda-se .
Pegou o elevador. Térreo. Saiu para a rua, livre novamente.
Só ela. Sempre. Sempre só.
Estava chegando a faculdade, Bruno morava perto, menos de 500 metros e já estaria no D.C .
Além de fumar maconha o dia inteiro, Bruno fodia gostosinho, mas Clara já tivera melhores. Bruno apenas quebrava o galho.
Clara andava, apenas 100m a distanciava de sua faculdade, e lembranças vinham a sua mente.
Roberto.
Roberto era foda.
Stripper. 30 anos. Forte. Bonito.Bem dotado, tinha uma mandioca entre as pernas. Foi a grande paixão de Clara.
Conheceram-se em um clube de stripe tease só para mulheres.
Um olhar. Um sorriso. Beijo.
Sexo. Sexo do bom. Seis vezes na noite. Gozo quente. Porra quente. Sorriso bobo. Soninho gostoso. Arrebatador. Ligação inédita dele de “Bom Dia” para ela no dia seguinte.
Seis meses nesse ritmo. Coração dispara só em lembrar.
Amor.
Amor?
Sim.
Amou como nunca amara nenhuma rola. Nem antes, nem depois. Roberto era único. Um cavalo! Um colosso de homem!
Pena que não valia a cueca que vestia. Deu um pé na bunda de Clara sem explicação.Nada. Sem motivo.
Sem motivo. Lembranças vêm e vão à sua mente. E toda vez ela chora.
Não hoje.
Pois a representante de 3.000 alunos não pode chorar. Não sem uma boa causa. E ao que parece essa não é mais uma boa causa. Ano novo, vida nova. Amores novos.
- “Só arranjo tranqueiras!” - pensou Clara.
Absoluta verdade.
*****
Guilherme até ser agarrado a força por Clara em uma festa do D.C ano passado, era tido como bixa pelos amigos e os outros 2.999 alunos da faculdade. Também pudera, um homem que passa creme nos cotovelos para evitar que ressequem e faz crochê, tem que ser bixa ou uma velhinha!
*****
Guga foi o primeiro de Clara. E o pior. Conquistou a então menina Clara com flores, mensagens de texto em seu celular a toda hora, passeios interessantes e encantadores.
Até ele conseguir o que queria. A bucetinha virgem de Clara.
Após 3 meses de namorico ele conseguiu. Deixou sua marca. Pôs a xoxota de Clara na forma. E depois sumiu. Mas antes disso, olhou Clara nos olhos e disse –“Eu já tive o que queria, falou.”
Um monstro disfarçado de homem.

Com Leandro foi rápido. Treparam 4 ou 5 vezes. Conheceram-se na festa de formatura de sua irmã, que se formara heroicamente em medicina. Ele tinha namorada e estava bem sussa de largá-la para correr riscos com um novo amor.
Médico burro.
*****
Fernando. Surfista sarado. Uma porta. Maresias. Sirena. 7 copos de vodka com Coca-Cola.
Sexo na areia. Pinto fino. Grãos machucando sua xereca. Não vale nem a pena lembrar direito. Uma bosta .
*****
Douglas.
Mais velho, vocalista de uma banda bem conceituada de covers. Era baixo, mas forte. Careca e charmoso. Meteram 1 vez. E só .
Sem telefonemas ou mensagens.
Meteram e só.
*****
Gustavo. Nunca tinha dado para Gustavo. Mas queria. Insistia nisso. Ele sabia que ela sabia. Ela sabia. Sabia que da fruta que ela gostava, ele chupava até o caroço!
Um desperdício de homem!
*****
Clara parou na frente de uma das inúmeras lanchonetes que existem nos arredores de sua faculdade, pensou.Voltou a andar.
Parou.
Olhou para sua faculdade, parecia estar tão longe. Deu mais um passo. E outro. E mais outro. E sua faculdade parecia estar mais longe ainda. Assustada começou correr e mais assustada ainda parou. Sua faculdade estava tão longe que quase não a via mais.
Entendeu. Como uma rainha moderna, entendeu o que estava acontecendo. Sua mente e espírito precisavam de um tempo para entrar em sintonia.

Todos consideravam Clara uma mulher livre e independente, que fazia o que bem entendia de sua vida e não dava satisfação a ninguém, realmente ela tinha este poder. Era uma rainha. Alguém especial.
Era isso que a incomodava tanto. Tinha total liberdade para fazer o quiser da sua vida e... não sabia o que queria.
Aliás sabia sim o queria. Felicidade. Queria felicidade.
Mas não sabia como.
Não gostava de sua faculdade, era um bosta de lugar com uma bosta de gente metida a besta. Gostava dos poucos amigos que fizera e só. Foi por isso que concorreu, e ganhou, as eleições para o Diretório central. Por amor aos seus amigos.
Sua vida pessoal tava uma bosta. Casos esporádicos e só. Ninguém especial. Sem príncipes em cavalos brancos. Na verdade... sem nada.
O único que chegou perto de um príncipe fora Roberto, isso porque no dia seguinte da primeira foda dos dois ele ligou e disse “- Bom Dia”. Só.
A rainha estava sozinha. E não queria continuar assim.

Parada tomou a maior decisão de sua vida até então. Seguiria seu coração e não a sua carne. A carne é fraca, mas o espírito e forte. Ainda mais o de uma rainha. Pequena, mas ainda assim uma rainha.
Pegou seu celular, ligou para seu pai e disse:
“- Estou pedindo transferência do curso de Comunicação Social”.
Orgulhoso seu pai responde: “-Corre atrás do que você quer, porque nem eu e nem ninguém vai fazer isso por você. Ninguém deve ou pode.”
Desligou seu celular e nunca mais pisou seus imaculados pés na faculdade de Comunicação Social. Aqueles bárbaros hipócritas não mereciam sua presença.
Libertou-se e foi ser Fisioterapeuta .

Wednesday, November 29, 2006

O Último dia da minha vida


“I've loved, I've laughed and criedI've had my fails, my share of losingAnd now as tears subsideI find it all so amusingTo think I did all thatAnd may I say, not in a shy wayOh, no, no not meI did it my way”

My Way – Elvis Presley

O fim da vida é um fato que assusta muita gente, um acontecimento que finda toda a história de um individuo.
Tudo aquilo que ele passou, todas as emoções, todos os sonhos e perspectivas culminam em um último fechar de olhos e bater de coração.
Não sou diferente da maioria.
Tenho medo do desconhecido, do túnel branco que me levará a paz final.
Mas antes de chegar a este túnel, viverei mais um dia. Vinte e quatro horas saboreando a doce vida.
Imagino que acordaria, tomaria um bom café da manhã e pegaria o jornal para ler as noticias diárias, afinal alguém tem que levar as novidades para o além.
Esqueçi de dizer, que antes do café da manhã acordaria a minha esposa e faria um amor gostoso.Ninguém é de ferro, e seria a última vez que sentiria um peito na minha boca.
A não ser que o inferno seja realmente um grande puteiro com tequila e maconha ou céu o verdadeiro lar do amor com 77 virgens para cada morador.
Depois iria me exercitar um pouco.Não! nada de pesos ou esteira. Montaria dois times com cinco pessoas de cada lado e jogaria futebol, sentiria mais uma vez a alegria de fazer um gol e comemorar como se fosse final de copa do mundo.
Imediatamente após a partida, tomaria uma coca-cola gelada.
Suado mesmo, que é mais gostoso.
Tomaria um bom banho quente e iria brincar com o meu cachorro no jardim, e obviamente me sujaria de novo. Brincar com o seu melhor amigo sempre suja.
No almoço, uma bela feijoada com muita couve-mineira e batata frita.
Sobremesa?
Quindim ora, o que mais seria no meu último dia!
Quando o sono viesse após este farto banquete, eu iria deitar na minha rede- que fica na varanda da minha casa de frente para o jardim- e descansaria bem relaxado.
Acordaria com aquela preguiça gostosa sabe? Me espreguiçaria demoradamente e sentaria de frente para uma T.V, para ver o que tem de bom passando.
Nada é claro. Depois de cinco minutos desta constatação, me levanto e vou rever as fotos da minha vida, das inúmeras aventuras do dia-dia.
Lembraria-me das paixões, das brigas sem razão e dos amores do coração.
Leria uma por uma as cartas de amor recebidas, veria as fotos dos meus filhos e netos uma por uma com muita atenção, vendo cada detalhe físico, para me lembrar qual pedacinho deles pertence a mim; um nariz grande, um pescoço longo o que for, eu saberei que ali eu tenho uma pequena participação.
Veria com imenso carinho as fotos da minha mãe e do meu pai. Olharia mais uma vez que parte deles eu tenho em mim.
E quando as lagrimas, inevitavelmente viessem eu as deixaria passar, que cobrissem o meu sábio rosto, renovando-me para o momento mágico que se aproxima.
Após um largo sorriso, iria a minha estante de cd’s, ou seja lá qual for a tecnologia que eu tiver a minha disposição, colocaria ” My Way” com o Elvis Presley.
Sentaria na ponta da cama e ficaria imóvel, olhando pela janela e relembrando toda a minha vida, cada segundo da música equivaleria a muitos dias de vida já passados.
Depois do show do “Rei”, finalmente colocaria “It’st a wonderful world” com o Louis Armstrong, e fecharia meus olhos.
Pensaria, nos meus últimos suspiros, que morri de pé. Acreditando na verdade, na sinceridade e no amor. Que toda briga que tem uma justa causa deve ser bem brigada. E pensaria também que o os Cobras sempre forma muito mais legais que os G.I Joe e que o Seu Madruga era um headbanger sujo fugindo da policia.
Pensaria também que.... Ei pêra ai!
Olha minha mãe ali, e aquele ali não é o Elvis....
Merda não tem túnel de luz.

O por disso.

Neste primeiro texto, vou dizer por que criei este blog.
Ele irá mostrar a minha visão sobre tudo, tudo o que acontece dentro e fora de mim e ao meu redor.
Realmente não espero audiência ou qualquer forma de “tietagem” ou encheção de saco.
Tentarei manter o Tiro Ácido sempre atualizado, mais sabemos que nem sempre isso será possível.
Alias o nome “tiro ácido” na verdade são “palavras ácidas”.
Obrigado e boa estadia.